sexta-feira, 24 de julho de 2009

Sarney causando

Imaginem a novidade da política no Brasil: Sarney fora! Fora? FORA?!
Pois é minha gente, o presidente do senado não quer sai "nem a paú, Juvenal".
Para enterdemos direitinho o causo, vou dar um Ctrl c + Ctrl v em um texto do
blog do Senador José Agripino - o qual sigo no Twitter e sempre coloca muita coisa massa: @joseagripino - que seria mais ou menos o que eu gostaria de passar para vocês. "Bora lá"

A semana política em Brasília
24/07/1990


O recesso não esfriou a semana política brasileira e a pressão da sociedade pela saída do presidente do Congresso, senador José Sarney. Em uma semana que se esperava morna, reportagem de quarta-feira do Estado de São Paulo aumentou a temperatura política ao mostrar gravações nas quais Sarney participa da negociação de um cargo, por ato secreto, para o namorado de sua neta.
O editorial de O Globo mostra o erro de se pensar que esse escândalo seja algo pequeno. Na verdade, segundo a publicação, a gravação revela a tragédia dos hábitos políticos brasileiros. O mesmo jornal traz um interessante perfil de Henrique Dias Bernardes, o namorado beneficiado, fã de noitadas e surf.
O Estado de São Paulo dá destaque para as movimentações da oposição e também traz um editorial condenando a postura do presidente Lula, que parece defender José Sarney a qualquer preço. Nesse sentido, o jornal Valor Econômico mostra que a bancada do PT está desnorteada com a posição de Lula e não sabe conciliar a aliança com o PMDB com o anseio pela saída de Sarney.
Detalhe interessante: os jornais já utilizam, como fonte de matérias, as frases postadas no twitter pelos parlamentares, é o caso dessa reportagem do Jornal do Brasil:
Apoiado por Lula e pelo presidente do Conselho de Ética, Sarney faz as contas para permanecer
Mesmo acuado pela divulgação de diálogos mostrando sua intervenção junto ao ex-diretor geral do Senado, Agaciel Maia, em benefício de pessoas ligadas à família Sarney, e ameaçado de enfrentar mais duas representações no Conselho de Ética da Casa, do DEM e do PDT, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), dá sinais de que continua respaldado politicamente para continuar no cargo. Ontem, o aliado de Sarney e presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), descartou a realização de uma reunião de emergência do órgão, como pedem alguns senadores que defendem o afastamento de Sarney da presidência do Senado.
Nos bastidores, os parlamentares próximos ao peemedebista contabilizam que pelo menos 45 dos 81 senadores ainda apoiam a permanência de Sarney no cargo. Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou o apoio ao presidente do Senado e minimizou as novas denúncias que pesam contra o peemedebista
Duque garantiu ontem que apesar dos apelos dos senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Cristovam Buarque (PDT-DF), não irá convocar reunião de emergência entre os conselheiros durante o recesso parlamentar. O senador chegou a classificar Simon e Cristovam como “coitados” que nem mesmo integram o órgão.
As pessoas estão em seus estados, alguns senadores estão fora do País. Não tenho como convocar 15 pessoas para se reunirem durante o recesso. Nem todos vêm, nem todos podem vir. Além disso, não há previsão regimental para fazer isso justificou o senador, que passa o recesso no Rio de Janeiro e preferiu não comentar as novas denúncias contra Sarney, adotando uma postura diferente da que mostrou quando foi eleito presidente do Conselho e sinalizou que poderia arquivar as denúncias. Não posso dizer porque ainda não analisei com atenção, e não posso dizer na condição de presidente. Não posso prejulgar.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também não fez cerimônia diante das novas denúncias e voltou a demonstrar apoio a Sarney, minimizando as acusações.
O que nós precisamos é não cometer o crime antecipado. Temos que ter a liberdade de denunciar, de investigar e estabelecer, ao final de tudo, um veredito. O que não se pode é vender tudo como se fosse um crime de pena de morte disse Lula em entrevista. É preciso saber o tamanho do crime. Uma coisa é você matar, outra coisa é você roubar, outra coisa é você pedir emprego, e outra é fazer lobby. Temos que fazer as investigações corretas.
Sobre o possível afastamento de Sarney da presidente do Senado, Lula afirmou não concordar.
Eu não posso entender que cada pessoa que tem uma denúncia tem que renunciar ao seu cargo, antes de ser julgado, investigado. Eu só quero Justiça, que se investigue corretamente e que se puna corretamente disse.
Pelo regimento do Senado, a tentativa de Simon e Cristovam de antecipar a reunião do Conselho de Ética para a próxima semana depende exclusivamente do aval de Sarney. Segundo assessores do colegiado, o regimento do Senado só permite que o conselho funcione durante o recesso parlamentar se houver uma convocação extraordinária, que precisa ser solicitada e oficializada pelo presidente da Casa.
Sarney já sinalizou a aliados que não pretende tomar nenhuma decisão sobre sua permanência antes do fim do recesso parlamentar em agosto. O peemedebista resiste em se afastar e garante que tem sustentação política na Casa. Segundo o mapeamento realizado por aliados, o peemedebista ainda contabiliza o apoio de 45 senadores.
Este foi o segundo levantamento feito pelos aliados de Sarney desde que surgiram os pedidos para que ele se afastasse temporariamente do comando do Senado e registra uma queda no número de apoio. No início da crise política, Sarney avaliava que, mesmo com a ofensiva do DEM, PSDB, PDT e PSOL que cobraram publicamente sua saída , contava com o apoio de 54 dos 81 senadores da Casa.
A bancada do DEM vai discutir se apresenta uma representação por quebra de decoro parlamentar contra o peemedebista no Conselho de Ética após a divulgação de interceptações telefônicas que indicariam que Sarney negociou a contratação do namorado de sua neta para trabalhar na Diretoria Geral do Senado. Segundo o líder do DEM, José Agripino Maia (RN), se o presidente do Senado não apresentar argumentos convincentes, o partido deve propor mais uma abertura de investigação no colegiado contra ele.
“Os diálogos são motivo de sobra para uma ação contra o senador José Sarney. Os fatos são graves. Revelam situação administrativa inconveniente. Tornam a situação de Sarney insustentável”, disse Agripino em sua página no Twitter (site de mensagens curtas). A reunião da bancada, contudo, deve ocorrer apenas no retorno do recesso.
Exoneração
O Senado deve exonerar 112 funcionários contratados por atos secretos. Um novo levantamento realizado pela Diretoria Geral identificou que dos 218 funcionários que foram nomeados sem a devida publicidade, 98 já foram exonerados por ato legal, sete não chegaram a assumir o cargo e um morreu. A comissão criada para analisar o impacto da anulação dos atos secretos tem avaliado cada caso individualmente e deve sugerir as exonerações em 15 dias.

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